No dia 14 de junho, o Vereador Ítalo Otávio (Republicanos) realizou visita técnica no Hospital da Criança Santo Antônio, e apontou diversas melhorias que devem ser atendidas de forma célere para minimizar os impactos para pacientes, acompanhantes de pacientes e servidores. Confira o Ofício 127/2025 na íntegra:
Cumpre destacar, inicialmente, os avanços perceptíveis no funcionamento do hospital, como a ampliação da estrutura física, o aumento do número de leitos e a dedicação visível da equipe médica e assistencial, o que reforça o compromisso da gestão com a saúde pública. No entanto, mesmo diante dos progressos, foram constatadas situações críticas que precisam ser sanadas com urgência, a fim de garantir a segurança, o conforto e a dignidade dos pacientes e seus familiares.
Entre as principais demandas levantadas, destaco:
1. Demora no atendimento na recepção e sobrecarga no hospital:
Recebi diversos relatos de familiares a respeito da demora excessiva no atendimento inicial, especialmente em razão do período sazonal de chuvas, que historicamente resulta em aumento dos casos de síndromes respiratórias, viroses e doenças transmitidas por vetores. Conforme dados do Ministério da Saúde, há um aumento médio de 35% na demanda pediátrica nos meses de maio a julho na região Norte, o que justifica a necessidade de medidas emergenciais. Essa sobrecarga compromete a triagem, eleva o tempo de espera, aumenta a ansiedade dos familiares e pode atrasar o início de tratamentos fundamentais, especialmente em quadros agudos. Também foi observada uma deficiência na quantidade de profissionais alocados na recepção e triagem, o que agrava o gargalo no fluxo de atendimento.
2. Colchões deteriorados:
Em diferentes blocos foi observado o mal estado de conservação dos colchões hospitalares, o que compromete o conforto e pode provocar feridas por pressão (escaras) em pacientes acamados, agravando ainda mais o quadro clínico e prolongando o tempo de internação. A falta de colchões adequados também impacta negativamente a humanização do cuidado, dificultando a recuperação e gerando custos adicionais com tratamentos de lesões evitáveis. Recomenda-se a substituição por modelos com tecnologia antiescaras para melhorar a qualidade da assistência.
3. Poltronas para acompanhantes em situação inadequada:
Muitas poltronas destinadas aos acompanhantes estão desgastadas, sem mecanismo de reclínio e extremamente desconfortáveis, o que se torna especialmente preocupante quando o familiar precisa permanecer por longos períodos — às vezes superiores a 15 dias — ao lado da criança internada. Tal condição interfere diretamente na saúde física e emocional dos acompanhantes, que também necessitam de estrutura adequada para oferecer o suporte necessário ao paciente. Além disso, a inadequação do mobiliário compromete a política de acolhimento familiar, reconhecida como um componente essencial da atenção centrada no paciente.
4. Ventiladores mecânicos desgastados:
Alguns ventiladores utilizados no suporte ventilatório encontram-se com sinais visíveis de desgaste e obsolescência, o que pode levar a falhas na ventilação, instabilidade na pressão inspiratória e risco de parada respiratória em pacientes críticos. É essencial que esses equipamentos passem por avaliação técnica urgente e substituição, se necessário, conforme recomendação da Anvisa e protocolos clínicos atualizados. Além disso, a ausência de manutenção preventiva recorrente tem sido um fator crítico que contribui para a deterioração desses aparelhos, afetando diretamente a segurança e a eficácia do atendimento.
5. Mangueiras ressecadas para traqueostomia:
Segundo relatos da equipe técnica, os dispositivos utilizados em procedimentos de traqueostomia apresentam sinais de ressecamento, o que pode comprometer seriamente a eficácia do procedimento. Mangueiras ressecadas podem causar microfissuras e perda de vedação, resultando em falhas no suporte respiratório, aumento do risco de infecções e até obstruções parciais ou totais das vias aéreas, colocando em risco a vida do paciente. A troca regular desses insumos é indispensável para garantir a segurança e a funcionalidade do procedimento, sendo recomendada a adoção de protocolos de inspeção e substituição preventiva conforme as diretrizes da Anvisa e da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia.
Além dessas observações, recebi também os seguintes relatos por parte de servidores da unidade, que reforçam a urgência na adoção de medidas complementares:
• Camas e colchões em mal estado de conservação;
• A copa da UTI encontra-se sem espaço suficiente para circulação e para que os funcionários façam suas refeições, mesmo em pé;
• Bebedouro frequentemente apresenta defeitos;
• Falta de kits para ventiladores mecânicos e kits de alto fluxo (CNAF);
• Insuficiência de ventiladores mecânicos, dispositivos de alto fluxo e oxímetros;
• Leitos com quantidade inadequada de tomadas e extensões;
• Bombas de infusão em número insuficiente para administração de medicamentos;
• Necessidade de poltronas adequadas aos acompanhantes;
• Carência de ações educativas que orientem a população sobre quando buscar atendimento no hospital, nos postos de saúde ou em consultórios/ambulatório;
• Necessidade de treinamentos aos profissionais quanto ao uso correto de medicações (como nebulização, bombinhas com espaçadores) e práticas de acesso venoso;
• Controle inadequado da temperatura nas enfermarias e UTI, com a ausência de termômetros e desligamento frequente das centrais de climatização;
• Deficiência na quantidade de profissionais da equipe multidisciplinar (médicos, fisioterapeutas, técnicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos), sendo comum a necessidade de cobrir escalas com horas extras;
• Iluminação inadequada nas enfermarias e UTI, onde não há luminárias individuais e todas as lâmpadas precisam ser acesas mesmo durante avaliações pontuais.
Diante disso, reitero a solicitação já feita em ofícios anteriores para que a Secretaria Municipal de Saúde avalie a possibilidade de estender temporariamente o horário de funcionamento de algumas Unidades Básicas de Saúde (UBS), especialmente aquelas em regiões com maior densidade populacional, ou até mesmo a implementação de atendimento 24 horas, durante o pico do período chuvoso. Tal ação pode desafogar o Hospital da Criança Santo Antônio, oferecendo respostas mais rápidas e eficazes aos casos de baixa e média complexidade.
Assim, solicito que sejam tomadas medidas urgentes e eficazes para sanar as situações relatadas, de forma a prevenir riscos mais graves à saúde dos pacientes e acompanhantes, bem como otimizar os serviços prestados na unidade hospitalar. Ressalto que o papel do Poder Legislativo, ao lado do Executivo, é garantir que os direitos à saúde pública, universal e de qualidade, assegurados pela Constituição Federal, sejam plenamente cumpridos.